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Justiça condena três por uso de “álcool de posto” em hospital

Cada um dos três réus foi condenado a 5 anos e 10 meses de reclusão em regime semiaberto (Reprodução)

Três integrantes da equipe administrativa da Santa Casa de Misericórdia de Patrocínio Paulista, no interior de São Paulo, foram condenados pela Justiça por crimes relacionados ao uso de medicamentos vencidos e de etanol automotivo, conhecido popularmente como “álcool de posto”, para assepsia hospitalar. A sentença foi proferida nesta quinta-feira (24) pelo juiz Afonso Marinho Catisti de Andrade e é resultado de uma investigação conduzida pela Promotoria de Justiça local.

De acordo com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), os condenados participaram de um esquema que envolvia a aquisição e o uso de insumos hospitalares com a validade expirada, oriundos de outras unidades de saúde, além da substituição de álcool hospitalar por etanol hidratado combustível, destinado originalmente ao abastecimento de veículos automotores.

O promotor de Justiça Tulio Vinícius Rosa, responsável pela denúncia, afirmou que essas práticas foram adotadas como parte de um plano para liberar recursos da instituição e perpetuar desvios de verbas públicas. “A utilização de ‘álcool de posto’ com estes propósitos é manifestamente ilegal e, o que é mais grave, altamente prejudicial à saúde pública”, declarou o promotor.

Cada um dos três réus foi condenado a 5 anos e 10 meses de reclusão em regime semiaberto, com base no artigo 273 do Código Penal, que pune a falsificação, corrupção ou adulteração de produtos terapêuticos ou medicinais, e a mais 2 anos e 3 meses em regime aberto, conforme o artigo 7º da Lei nº 8.137/1990, que trata de crimes contra as relações de consumo. Somadas, as penas ultrapassam 8 anos para cada envolvido.

Esquema de risco à saúde

A investigação do Ministério Público revelou uma série de irregularidades no funcionamento da Santa Casa, que já estava sob intervenção judicial. Entre as práticas identificadas estava o recolhimento de medicamentos e insumos vencidos de outras instituições, que eram aplicados nos pacientes da unidade. Um dos impactos relatados foi o aumento expressivo nos casos de flebite,  inflamação das veias, atribuídos ao uso dos produtos fora da validade.

O etanol combustível, por sua vez, era utilizado para a limpeza e assepsia de superfícies hospitalares. A substituição do álcool adequado por um produto impróprio e potencialmente tóxico foi considerada uma grave violação aos protocolos sanitários. Segundo o promotor, a decisão foi deliberada e visava criar “folga orçamentária” para desviar recursos da entidade, que se apresenta como beneficente.

A Promotoria contou com depoimentos técnicos protegidos para embasar as acusações, além de documentos e registros obtidos durante a intervenção. O processo correu com acompanhamento do Núcleo de Defesa da Saúde Pública do MPSP.

Impacto e próximos passos

A condenação dos envolvidos representa um marco importante no combate à má gestão e à corrupção em instituições filantrópicas de saúde, especialmente em regiões de menor fiscalização. Segundo o Ministério Público, outras frentes de investigação seguem em andamento e podem resultar em novas ações judiciais.

A Santa Casa de Patrocínio Paulista é uma das principais referências hospitalares da região e atende, majoritariamente, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde que as denúncias vieram à tona, a entidade está sob monitoramento de órgãos de controle estadual.

O Ministério Público não divulgou os nomes dos condenados. A defesa dos réus ainda pode recorrer da decisão.

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