Tribuna Ribeirão
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Mulheres-prodígio na Inteligência Artificial 

Conceição Lima * 
 
O mundo da Inteligência Artificial ainda é uma espécie de Clube do Bolinha, onde Luluzinha não entra. Até aí, nenhuma novidade. Entretanto, já podemos registrar a presença de algumas “notáveis”, que estão contribuindo significativamente com o avanço da IA e abrindo caminho para um futuro mais inclusivo e promissor. 
 
Embora geralmente atuem na porção ocidental do primeiro mundo, são mulheres de todas raças e continentes. Nesse seleto grupo, vamos encontrar a chinesa Fei-FeiLi, batalhando por uma IA mais ética e humanistana Universidade de Stanford, assim como a canadense Joy Buolamwini, do MIT, lutando contra o viés racial e de gênero em softwares de reconhecimento facial. No mesmo MIT, a romena Daniela Rusoptou é pela Robótica (robôs autoconfiguráveis e veículos autônomos). 
 
Uma tailandesa, Lisa Su, é a CEO da AMD, empresa produtora de chips de alto desempenho. Já a indiana Poornima Ramaswamy, na vice-presidência da Cognizant, busca soluções para a inovação e o crescimento empresarial.Anna Patterson(norte-americana),fundadora e administradora do fundo de capital de risco de IA do Google, apresenta-se como uma expert em algoritmos de busca. 
 
Mira Murati, natural da Albânia, ocupa uma diretoria da badalada OpenAI. Do Egito, veio Rana el Kaliouby, uma das pioneiras na criação de máquinas que um dia terão o comportamento emocional dos humanos. Duas brasileiras estão na pauta: Estela Aranha, membro do conselho da ONU, dedicada à proteção de dados e impactos ético-sociais da IA e Nina da Hora, fundadora de um instituto que leva seu nome, a lidar com segurança digital, antirracismo algorítmico e tecnologias não neutras. 
 
Todavia, há três outras mulheres-prodígio que merecem um maior destaque. A primeira delas é uma chinesinha de 29 anos, LUO FULI, a mulher-gênio da DeepSeek. Após publicar, aos 19 anos, oito artigos na Association for Computational Linguistics(a maior especialista em linguagem computacional do mundo) e trabalhar na Alibaba, LUO, em 2022, juntou-seà DeepSeek, uma startupchinesa que vem fazendo o maior furor no setor tecnológico. Ali ela desempenhou um papel crucial no desenvolvimento do DeepSeek-R1, o qual, segundo testes independentes, superou os produtos das gigantes globais como OpenAI, Google e Meta. 
 
Como se sabe, o DeepSeek-R1(lançado em 20/01/2025), vem desafiando as gigantes da tecnologia global com suas soluções inovadoras, eficientes, além de dez vezes mais baratas. Essa “economia” (inclusive energética) deve-se à aplicação de um princípio já conhecido da Física, a esparsividade, que permite ligar e desligar largas seções da rede neural, sem impactar a qualidade do processamento. Tudo isso graças a LUO FULI, uma figura inspiradora no mundo da IA.  
 
A segunda mulher-portento é a norte-americana AMY WEBB, uma futurista que tem assombrado o mundo ao antecipar mudanças tecnológicas e sociais. Fundadora e CEO do Future Today Institute, WEBB, uma das 100 mulheres mais influentes do mundo, esteve na FEBRABAN Techde 2024,onde revelou uma de suas grandes apostas. Trata-se do atual Superciclo Tecnológico, fenômeno jamais visto em qualquer outro período da humanidade. No passado, os grandes ciclos econômicos envolviam apenas uma única tecnologia; atualmente, a humanidade encara, simultaneamente, três supertecnologias (Inteligência Artificial, Sensores e Biotecnologia), as quais, entrelaçadas, conseguem se impulsionar mutuamente, alavancando uma mudança poderosa e abrangente, que vai alterar incrivelmente a vida humana nos próximos dois anos. 
 
WEBBtem sido uma oradora frequente no Fórum Econômico Mundialde Davos e no SXSW(South by Southwest), um festival anual realizado em Austin, Texas, que se propõe a patrocinar ideias emergentes em vários campos científicos e artísticos. Neste ano, tradicionalmente, em 08 de março, ela abriu o segundo dia do festival (acontecido de 7 a 15 de março), apresentando a 18ª edição do seu esperado relatório, o Tech Trends Report, um super calhamaço de cerca de mil páginas. 
 
De acordo com a futurista, não somente estamos caminhando para um mundo sem telas e comandado por robôs, como também testemunhando a criação dos primeiros computadores feitos com neurônios humanos, isto é, o nascimento das primeiras máquinas vivas.Porém, longe de ser uma pessimista, WEBBacredita que é possível lidarmos com todas essas mudanças de uma forma menos catastrófica, se levarmos a sério um planejamento de longo prazo.  
 
A terceira mulher é uma brasileira,DORA KAUFMAN, professora e pesquisadora da PUC-SP, autora de vários livros, que tem se dedicado a estudar não só os impactos éticos e sociais da IA, como também insistido na necessidade de regulamentação da tecnologia.Com seu trabalho responsável e altamente qualificado, DORA KAUFMAN tornou-se uma voz importante na análise dos desafios e oportunidades que a IA apresenta para a sociedade, especialmente a brasileira. 
 
* Professora de ensino superior aposentada, escritora e palestrante, é membro eleito da Academia Ribeirãopretana de Letras e fundadora da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras 

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