Nem bem subiu aos céus e já está rolando climão nas nuvens. Um mural recém-aparecido nas imediações do Vaticano resolveu eternizar o que muitos imaginaram: a cara de espanto do Papa Francisco ao conferir a lista de presença do seu próprio funeral. A obra, intitulada ” Os Convidados” (2025), é de autoria da artista de rua italiana Laika MCMLIV, uma Banksy com espresso duplo, virou sensação internacional por misturar crítica, arte e aquela dose de vergonha alheia.
No mural, Francisco aparece já beatificado com auréola e tudo, espiando a lista celestial de presenças. Lá estão nomes que fariam até santo levantar a sobrancelha: Donald Trump, Javier Milei, Ursula von der Leyen, Matteo Salvini e Matteo Piantedosi. A legenda, em tom de indignação divina, não poderia ser mais direta: “Mas quem convidou eles?”
A questão é pertinente. Conhecido como “o Papa do povo”, Francisco passou boa parte do pontificado batendo de frente com alguns “convidados” da festa: criticou muros, deportações, xenofobia, falta de compaixão e de bom senso. Milei, o atual presidente argentino com quem o Papa não trocou nem mate, chegou a chamá-lo de “representação do mal na Terra” , o que, convenhamos, não é exatamente um convite caloroso para churrascos no céu.
A própria artista não perdeu a chance de soltar o verbo: chamou o evento de “parada de hipocrisia” nas redes sociais, acusando os ilustres presentes de irem mais pela selfie do que pela saudade. Von der Leyen foi lembrada por seu entusiasmo com o rearmamento europeu, enquanto Salvini e Piantedosi ganharam menção honrosa por suas políticas anti-imigrantes.
Como se não bastasse, Francisco escolheu ser enterrado no humilde bairro de Esquilino, reduto de imigrantes e operários, o que só amplia o contraste entre seu legado e os visitantes vips do adeus. “Acho que se ele pudesse, teria usado uma caneta celestial pra cortar uns nomes da lista”, escreveu Laika.
E assim, do além, Francisco nos deixa uma última reflexão: às vezes, nem no próprio funeral a gente tem sossego.