Sérgio Roxo da Fonseca *
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Taís Roxo da Fonseca **
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O cardeal responsável para noticiar a eleição do novo pontífice da igreja católica manifestou-se em latim, proclamando “Habemus Papam”, colocando a letra “m” ao final do título. Qual seria a razão!
Quase todas, quando não todas as línguas daquela época, eram sintéticas, razão pela qual usavam variação dos vocábulos em lugar das preposições e conjunção próprias dos nossos tempos. O verbo era a última palavra da frase. Quase sempre.
Assim, os estudantes mais antigos indagavam aos mais novos se eles já conseguiam traduzir uma pequena frase do latim e diziam: “mater tua mala burra est”. Era possível crer que o mais novo, bastante zangado, traduziria: “tua mãe é mãe é má e burra”, tirando assim uma gargalhada dos presentes por isso que a correta tradução seria: “tua mãe come maça vermelha”.
Portanto, o vocábulo “burro” no latim significava “vermelho” razão pela qual os animais de pele avermelhada acabaram recebendo o nome de “burro” em nosso idioma. Mas a confusão também está no fato de que “est” tanto é a terceira pessoa do indicativo do verbo “ser” como do verbo “comer”.
No ablativo plural da palavra “omnes” que então significava “todos” era ”omnibus”, cabendo traduzir como “para todos”, que se transformou em “ônibus” que repetidamente compreende o veículo que carrega um número grande de pessoas, portanto “para todos”.
No final da oração da Ave Maria, em latim, está gravado “nunc et in hora mortis nostrae”. A palavra “nunc” em latim significava “agora” e não “nunca”. Mas até hoje, na nossa linguagem jurídica, “ex nunc” compreende a ideia segunda a qual o ato se traduz como “de hoje para o futuro. para sempre”.
“Leticia” significava “alegria”, tanto que no início da missa em latim, assim rezada antigamente, dizia-se “ad Deum qui laetificat juventutem meam (ao Deus que alegrou a minha juventude).
Portanto, quando o sacerdote comunicou “habemus Papam” (temos Papa), este último vocábulo foi colocado no acusativo e não no nominativo, no qual figuravam os sujeitos das frases, como, por exemplo, o “Papa é bom”.
Acreditava-se que o sol “morria” toda noite. Morrer era “occidere”que gerou “ ocidental”. Até hoje usamos o vocábulo para dizer “suicidar-se” vindo de “sui occidare”. Ou “homicídio”, matar um homem.
Mas, verdadeiramente passamos a usar palavras vindas do inglês, não nos lembrando mais das nossas raízes latinas.
* Advogado, professor livre docente aposentado da Unesp, doutor, procurador de Justiça aposentado, e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras
** Advogada
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