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Por que não tentar?

Renato Nalini *
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A vida simples foi substituída, na sociedade consumista, por complicações que implicam em perda de qualidade existencial. A alimentação é um exemplo. Daquela refeição preparada em casa, com amor de mãe, passamos a consumir produtos elaborados, sofisticados, fruto de química nem sempre saudável. Em nome da comodidade, da facilidade e do menor esforço, hoje tudo é enlatado. As crianças tornam-se as maiores vítimas. Guloseimas, refrigerantes, sabor adulterado para viciar. Todos dependentes da industrialização implacável.
Mas há quem tente fazer a diferença. Parece impossível, como subir o eixo descendente da escada rolante. Ou remar cachoeira acima. Porém a persistência consegue provar que não é impossível a marcha-a-ré, rumo a um passado distante, mas que era mais humano e favorável à subsistência da espécie.
O jovem Leandro Farkuh, 38 anos, é um empresário paulista que acreditou na produção orgânica. Depois de alguns tombos, criou mais de 300 sabores das barras de cereais que não contêm corantes, nem artificialismos. Lançou a biO2, marca de produtos orgânicos saborosos e nutritivos. Além das barrinhas, oferece 14 linhas de produtos veganos, livres de insumo de origem animal, inclusive o mel. Shakes, sucos proteicos, mixes de castanhas, sementes e frutos, chás e água de coco em pó.
Não é só porque o consumidor dessa produção é cool, antenado com o mundo fashion, descolado. É muito mais do que moda. É uma atitude inteligente, que pensa na preservação ambiental e na vida pura que permitiu à humanidade viver até agora, quando está prestes a ser envenenada. A conscientização ecológica é uma urgência desta espécie que parece ter escolhido o suicídio coletivo como forma de desaparecer do planeta.
Gente que tem consciência de que a alimentação é a maior causa de impacto ambiental. Mais de 80% do milho e da soja produzidos no Brasil se destinam aos animais. Ser orgânico é uma questão ética. É não contaminar o ambiente com agrotóxicos. É ser sustentável. É garantir a sobrevivência das futuras gerações.
A grande indústria agride a natureza e abate os animais de forma cruel e dolorosa. Mas é preciso tentar reverter a situação absurda de um país que tem mais cabeças de gado do que gente! Como seremos julgados pelo porvir, se é que haverá porvir se continuar essa insensatez?

* Reitor da Uniregistral, ambientalista, docente universitário, palestrante e conferencista, autor de “Ética Ambiental”

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