A Justiça de São Paulo aceitou a denúncia do Ministério Público contra o professor Jyrson Guilherme Klamt, da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, por injúria racial contra duas alunas travestis. O caso aconteceu em novembro de 2023, às vésperas da formatura das estudantes Stella Branco e Louise Rodrigues e Silva.
Segundo as denúncias, o docente abordou as alunas em tom pejorativo após a universidade implementar o uso livre de banheiros conforme identidade de gênero. Durante a conversa, o professor teria ironizado a medida, questionado de forma ofensiva o uso dos sanitários pelas estudantes e feito ameaças. “Ele disse que, se usássemos o banheiro onde a filha dele estivesse, sairíamos de lá mortas”, relatou Louise.
O juiz Lucas Ducatti Marquez de Andrade, da 5ª Vara Criminal, determinou também que a USP anexe ao processo o procedimento administrativo interno instaurado. Até o momento, apenas a sindicância do Hospital das Clínicas, vinculado à Faculdade de Medicina, foi anexada.
A defesa do professor informou que ainda não teve acesso aos autos e que o docente não foi citado formalmente. Se condenado, Klamt pode pegar até três anos de prisão, além de multa.
Internamente, o professor foi punido administrativamente em 2024. Em agosto, foi afastado do Hospital das Clínicas por 180 dias. Em outubro, foi suspenso por mais 90 dias das atividades na USP e obrigado a participar de um curso de letramento sobre identidade de gênero e sexualidade.
Louise e Stella foram as primeiras alunas travestis formadas pelo curso de medicina da USP em Ribeirão Preto. Elas registraram boletim de ocorrência por ameaça e injúria racial.