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Tours, França 

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Nesta última viagem que fiz à França, tive a oportunidade de passar dois dias na cidade de Tours, capital do Departamento D’Indre-et-Loire, que guarda belíssimos segredos medievais desta região do vale do rio Loire.

O Loire é o mais longo rio da França e corta uma região belíssima, com castelos renascentistas restaurados, objeto de visitação de turistas de todo o mundo, além de abrigar uma forte indústria do vinho.

A cerca de duas horas e meia  de Paris, uma hora e meia de TGV,  a cidade é a mais importante da região, com 150.000 habitantes, dos quais 30.000 são estudantes que enchem suas ruas e seus cafés, nas suas tardes e noites. Hoje pujante aglomerado comercial, industrial e estudantil, a cidade foi fundada pelos romanos, no século I d.C e tem uma grande história para contar.

Entre 380 e 388 d.C, Tours foi a capital da província romana de Lugdunum, mas  foi entre os séculos XV e XVI, que a cidade ganhou ainda mais importância por sediar o Reino da França. Quatro soberanos franceses ali reinaram, deixando várias obras até hoje preservadas.

O centro velho da cidade é Patrimônio da Humanidade, com suas casas em estilo enxaimel, ou seja sustentadas por estrutura de madeira e preenchidas de tijolos, suas praças e a basílica medieval de São Martinho de Tours, que foi bispo da cidade. De origem húngara, era soldado romano,mas sempre cuidou do próximo. Diz a historiografia católica que, em determinado dia de extremo inverno, deparando-se com um mendigo nu, rasgou seu manto pela metade, cobrindo o desconhecido. No dia seguinte, o próprio Cristo apareceu em sonho dizendo que Martinho havia lhe coberto. Abandonando o exército, tornou-se eremita e depois foi escolhido bispo da cidade.

É muito cultuado na França, onde mais de 4.000 igrejas e várias localidades cuidam de sua veneração.

A cidade atual é muito bonita. Sua estação ferroviária, a Gare de Tours foi construída no fim do século XIX, segundo projeto do arquiteto nascido na cidade,  Victor Laloux, o mesmo que concebeu a Gare de Orleans, de Paris, que abriga hoje o fantástico Museu D’Orsay. Em linhas clássicas, com várias esculturas que a decoram, fica no meio de um jardim com fontes. Mais de 5 milhões de pessoas passam por ela, anualmente.

No começo do século XX, a cidade passou por um planejamento urbanístico em redor do preservado centro histórico. Saindo da gare, uma ampla alameda, ladeada  por avenidas  largas, abriga centenários pés de bordo, formando um renque de cobertura para os pedestres que caminham sob suas sombras. Dois prédios chamam a atenção: o Palácio de Convenções,  moderno, em frente à estação e a Prefeitura de Tours, o Hotel de Ville.

A Prefeitura é também projeto de Victor Laloux e apresenta a mesma grandiosidade da prefeitura de Paris, com suas esculturas e seus elementos neo-clássicos, um prédio imponente que chama a atenção dos visitantes.

Uma grande avenida liga a prefeitura  à cidade velha, por onde circulam bondes modernos e se veem edifícios uniformes, em estilo parisiense, nos 800 metros de sua extensão.

O grande escritor Anatole France é nativo de Tours e deu à ela o título de Cidade das Flores.

Um pouco fora da atenção dos turistas, Tours é cidade imperdível de se visitar e onde se sente o verdadeiro sentimento da vida francesa.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e Secretário-Geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

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