Conceição Lima *
Depois de se irmanar com sua melhor amiga, a Inteligência Artificial, a Medicina não é mais a mesma. Trata-se de um momento único na história da saúde. Teremos de mudar radicalmente todos os nossos velhos conceitos (e preconceitos) sobre a área médica, o tratamento das doenças, a longevidade… E sobre a Inteligência Artificial também, é claro! Mesmo o coração dos mais céticos e cautelosos vai balançar, com certeza.
Eis que podemos esperar muito dessa parceria Medicina/ Inteligência Artificial. E não se trata somente do diagnóstico de doenças mais rápido e preciso, feito pelas máquinas inteligentes, do monitoramento sofisticado dos pacientes ou até da precisão “cirúrgica” das cirurgias robóticas. O grande filão parece residir mesmo é no tratamento das doenças e na pesquisa de novos medicamentos. Aliás, uma dessas descobertas preciosas ganhou o Prêmio Nobel de Química em 2024, o processo denominado de PROTEIN FOLDING (desdobramento de proteínas), aliás uma façanha do projeto DeepMind, desenvolvido pelo Google, o qual permite prever como uma sequência de aminoácidos se dobra para formar proteínas funcionais.
Com essa capacidade, a IA pode agora projetar medicamentos com uma precisão nunca dantes vista, prognosticando tratamentos inovadores para o Alzheimer, o câncer e outras doenças resistentes. O novo design computacional de proteínas deve abrir portas também para a criação de vacinas mais eficazes, sensores biológicos mais apurados e os tais nanorremédios, partículas extremamente pequenas (bilionésimos de metro), projetadas para a entrega direcionada, controlada e personalizada de medicamentos dentro do corpo humano.
Então, veremos remédios ultra específicos, muito mais eficazes e com um mínimo de efeitos colaterais. A IA pode mesmo garantir tratamentos quase 100% precisos, que irão atingir tão somente os tecidos desejados, sem afetar outras partes do corpo. Pense num tratamento apenas para o coração, que não afete os rins ou o fígado. Ou um tratamento para doenças neurológicas que atue exclusivamente nas áreas afetadas do cérebro. O próximo estágio, dizem, será a capacidade de simular computacionalmente como um novo medicamento irá interagir com todas as proteínas do corpo humano, antes mesmo de se iniciarem os testes clínicos. Quando um medicamento chegar à fase humana de cobaia, já teremos reduzido drasticamente o risco de efeitos adversos inesperados. Tomara que a lentidão burocrática na aprovação dos medicamentos não atrase essas inovações em 5 ou 10 anos!
É claro que tudo isso não garante que não vamos envelhecer, muito menos que vamos viver eternamente! Pelo menos, por enquanto. Reverter o envelhecimento ou evitar a morte seria meio como “descozinhar um ovo”. Mas podemos ir cuidando melhor da saúde, enquanto acompanhamos o desenvolvimento das novas tecnologias, ir adiando doenças crônicas o máximo possível, continuar no jogo enquanto pudermos. Se daqui a 10 anos surgir uma tecnologia revolucionária que reverta o envelhecimento, quem manteve hábitos saudáveis estará em muito maior vantagem!
O que não se pode negar é que a IA promete apoiar muito a Medicina (e não só ela, evidentemente). Atuando no epicentro da revolução tecnológica deste momento histórico, a Inteligência Artificial está, de fato, acelerando descobertas científicas em todos os setores da sociedade humana. O futuro tem chegado mais rápido do que se imaginava! E a sua velocidade só tende a aumentar! Imagine como seria explicar toda essa evolução a alguém que tivesse adormecido há cem anos e só viesse a despertar nos dias de hoje!
Não convém, pois, que você (qualquer que seja a sua “velhidade”) vá também adormecer logo agora! Em vez de esperar passivamente pelo futuro, o melhor é participar ativamente dele. Basta não ficar por fora das inovações. Você pode se beneficiar delas amanhã… Avante!
* Doutora em Letras, com pós-doutorado em Linguística, escritora, conferencista e palestrante, membro eleito da Academia Ribeirãopretana de Letras e da Academia membro fundador da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras