O presidente da Apex Brasil, Jorge Viana, anunciou nesta segunda-feira, 12 de maio, negócios empresariais de gigantes chinesas com o Brasil, nos setores de delivery e fast-food, entre outros, além do mercado de semicondutores. Ele antecipou que os investimentos entre empresas em geral vão somar cerca de R$ 27 bilhões.
Os anúncios e planos de investimentos foram divulgados durante o Seminário Empresarial Brasil-China, encerrado por Viana e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na capital chinesa. Líder no mercado de entregas na China, a Meituan vai entrar no Brasil para concorrer, principalmente, com o Ifood.
A empresa anunciou um investimento de R$ 5,6 bilhões, em cinco anos. Segundo dados do governo, a estimativa de é geração de 100 mil empregos indiretos, além da instalação de uma central de atendimento no Nordeste, com três mil a quatro mil empregos diretos. No Brasil, a empresa vai usar a marca Keeta, bandeira sob a qual já opera em Hong Kong e na Arábia Saudita.
A rede Mixue vai passar a comprar frutas do Brasil para fabricação dos sorvetes e bebidas geladas, como chás. A empresa é a maior rede de fast-food do mundo, com 45 mil lojas, à frente do Mc Donald’s. A empresa vai iniciar operação no Brasil com capital de RS$ 3,2 bilhões e projeta 25 mil empregos até 2030.
No setor de tecnologia, a Longsys, por meio da subsidiária Zilia, anunciou no ano passado um plano de investimentos para 2024 e 2025 de R$ 650 milhões, nas plantas de fabricação de São Paulo e Manaus, que terão capacidade ampliada.
A Zilia tem participação nacional na fabricação de componentes para semicondutores e também dispositivos de memória, os circuitos integrados de memória DRAM e Flash. A montadora GWM anunciou investimentos de R$ 6 bilhões para ampliar operações no país e pretende exportar para América do Sul e México.
A GAC Motor anunciou a sua instalação em Goiás para fabricação de três modelos de carros, dois elétricos e um híbrido, e um plano de investimento de US$ 1,3 bilhão. A montadora também ofereceu – e o governo aceitou – o uso de uma frota de veículos elétricos da empresa na COP30, a ser realizada em Belém, Pará.
A montadora chinesa exibiu os três automóveis que pretende colocar no mercado brasileiro – Aion V, Hyper HT, Emkoo – em frente ao hotel St. Régis, onde a comitiva de Lula se hospeda, na capital chinesa. A GAC convidou Lula para o lançamento de cinco modelos, inicialmente importados, em cerimônia que vai ocorrer no dia 23 de maio, em São Paulo.
A Envision planeja investimentos de até RS$ 5 bilhões num parque industrial para SAF e hidrogênio verde. A CGN vai investir R$ 3 bilhões em um hub de energia renovável no Piauí, com foco em energia eólica, solar, e armazenamento de energia, com geração prevista de mais de 5 mil empregos na construção das unidades.
A Didi – controladora do aplicativo de transporte 99 taxi – também vai investir em serviço de entrega no Brasil e planeja construir cerca de dez mil pontos de recarga para promover a eletrificação de veículos na frota nacional. A Nortec Química formalizou parceria com chinesas e vai investir RS$ 350 milhões numa plataforma industrial.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que a parceria entre Brasil e China é “indestrutível”. No primeiro discurso em Pequim, ele destacou que a aliança econômica entre China e Brasil “não tem retorno”. Há 16 anos, os chineses são o maior parceiro comercial dos brasileiros.
“Se depender do meu governo e da minha disposição, Brasil e China serão parceiros incontornáveis e nossa relação será indestrutível. Porque a China precisa do Brasil, e o Brasil precisa da China. Nós dois juntos poderemos fazer com que o Sul Global seja respeitado no mundo como nunca foi”, disse o petista.
Felipe Frazão (AE), enviado especial