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Combate ao Assédio Moral é exercício para todos 

Marília Meorim Ferreira De Lucca e Castro *
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Em 2 de maio, Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral vale, para toda sociedade, e para diferentes gerações, uma reflexão importante para o avanço das relações profissionais: como combater o assédio moral para se garantir ambientes de trabalho saudáveis. Primeiro, é importante contextualizar o que é esse comportamento? O assédio moral no ambiente de trabalho é uma forma de violência silenciosa e profundamente destrutiva. Trata-se de uma conduta abusiva, sistemática e repetitiva, que atenta contra a dignidade, a autoestima e a integridade psíquica do trabalhador. Manifesta-se de diversas maneiras: por meio de humilhações públicas, ironias constantes, boatos, isolamento social, desprezo por opiniões, desqualificação profissional, sobrecarga proposital de tarefas ou, ao contrário, a retirada injustificada de responsabilidades. Essas ações podem ser praticadas por superiores hierárquicos, colegas de trabalho ou até subordinados, configurando um ciclo tóxico que impacta diretamente na saúde mental da vítima e compromete o equilíbrio do ambiente organizacional.

A consequência do assédio moral não se limita ao indivíduo que o sofre. Ele afeta também o coletivo, comprometendo a produtividade, aumentando o absenteísmo, gerando rotatividade, o que também desgasta a cultura da empresa. A vítima frequentemente desenvolve quadros de ansiedade, depressão, síndrome do pânico e Burnout, e pode, inclusive, chegar ao afastamento do trabalho por questões de ordem psicológica. Por isso, o combate ao assédio moral é mais do que necessário — é urgente. E começa com a conscientização: é preciso reconhecer que esse tipo de violência, muitas vezes naturalizada ou mascarada como “cobrança por resultados”, “perfil de liderança” ou “pressão normal do dia a dia”, é inaceitável sob qualquer forma.

Nesse contexto, torna-se essencial que empresas adotem medidas concretas para prevenção e enfrentamento do problema. Criar canais seguros e confidenciais para denúncias, capacitar lideranças, promover treinamentos sobre empatia, respeito e escuta ativa são práticas fundamentais para construir um ambiente mais saudável. O fortalecimento da cultura organizacional baseada em respeito, valorização da diversidade e promoção do bem-estar deve ser um compromisso permanente e não uma ação pontual. A gestão de pessoas precisa estar conectada com os princípios de dignidade humana e segurança emocional, visando garantir que o ambiente de trabalho seja um espaço seguro para todos.

A importância de combater o assédio moral ganhou ainda mais destaque com a atualização da NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1), que passa a reconhecer formalmente os riscos psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). A nova exigência, que entra em vigor em maio de 2026 com caráter orientativo em 2025, determina que empresas devem identificar, avaliar e controlar fatores como assédio moral, estresse crônico, metas inatingíveis, falta de reconhecimento e relações interpessoais disfuncionais. Esse avanço normativo representa um marco histórico: finalmente, a legislação brasileira reconhece que saúde e segurança no trabalho vão além do físico e passam também pela preservação da saúde mental. O dia de hoje nos faz refletir sobre a necessidade de se construir, de forma coletiva, ambientes profissionais mais humanos, justos e respeitosos. O combate ao assédio é um dever de todos — e começa pelo compromisso com a escuta, a empatia e a responsabilização.

* Sócia e advogada de Brasil Salomão e Matthes Advocacia
 

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