O Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) Morro de São Bento finaliza 2024 com um histórico recorde. Durante o ano foram devolvidos à natureza 539 animais silvestres, 47,95% de um total de 1.124 que receberam cuidados na unidade. Além disso, 40 animais foram destinados a zoológicos (3,56% do total) e 125 ainda estão em processo de reabilitação (11,12%).
Porém, 420 não resistiram à ação humana – vítimas de incêndios florestais, atropelamento, caça ou abate –, 37,37% dos 1.124 atendidos este ano no Cetras. “Os animais chegam ao Cetras em condições precárias, com retardo no desenvolvimento, peso abaixo da média, hipoglicemia e parasitas intestinais”, explica o biólogo Otávio Almeida.
De acordo com o zootecnista Alexandre Gouvêa, o manejo nutricional é muitas vezes suficiente para reestabelecer o equilíbrio fisiológico dos animais, principalmente em casos de hipoglicemia, que acelera a necessidade de intervenção para salvar filhotes afetados pela tríade neonatal.
A soltura desses animais contribui de forma significativa para a conservação da fauna local, fortalecendo os ecossistemas regionais por meio do aumento da dispersão de sementes, controle de espécies invasoras, diversificação de habitats e suprimento nutricional para a cadeia alimentar, o que equilibra a relação presa-predador.
No dia 10 de novembro, o Cetras recebeu autorização do Departamento de Fauna do Estado de São Paulo (Defau) para soltar 59 animais silvestres reabilitados de 22 espécies. Entre os animais liberados estão aves de rapina, como gaviões e corujas, psitacídeos, como papagaios e araras, além de mamíferos, como tamanduá-mirim, cuíca-lanosa, cachorro-do-mato e raposa-do-campo.
A lista completa do dia traz gavião-carijó (dois), urubu (um), quiri-quiri (um), frango d’água (um), carcará (três), coruja-do-mato (dois), rolinha (uma), pomba-asa-branca (um), papagaio-verdadeiro (três), papagaio-do-mangue (um) e arara-canindé (um).
Também foram devolvidos à natureza no dia 10 animais das espécies pássaro-preto (um), periquito-de-encontro (28), jandaia-mineira (quatro), jandaia-maracanã (três), periquito-rei (um), coruja-buraqueira (um), tamanduá-mirim (um), cachorro-do-mato (um), raposa-do-campo (um), cuíca (um) e tucano (um).
O Cetras é referência em cuidados com animais silvestres e fica no Bosque Zoológico Municipal Doutor Fábio Barreto, em Ribeirão Preto. O trabalho de reintrodução de espécies desenvolvido no local comprova sua importância como centro especializado na recepção, identificação, marcação, triagem, avaliação, recuperação, reabilitação e destinação de espécimes da fauna silvestre.
O sucesso dessa iniciativa é resultado do apoio da Polícia Militar Ambiental (PMAmb), Corpo de Bombeiros e concessionárias de rodovias parceiras.
O Cetras Morro de São Bento, órgão público municipal, faz parte da Rede Cetras de São Paulo, sendo uma das 26 unidades distribuídas no Estado. O Defau é vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do Estado de São Paulo.
Duas fotos: Divulgação
Quarenta animais foram destinados a zoológicos (3,56% do total) e 125 ainda estão em processo de reabilitação (11,12%): 420 não resistiram (37,37%)