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‘Do Jeito Que Elas Querem’ mostra que nunca é tarde para se apaixonar

Por Mariane Morisawa, especial para o Estado

Só no último dia de filmagem Jane Fonda descobriu que Do Jeito Que Elas Querem não era baseado em material previamente publicado, mas sim em um roteiro original do diretor Bill Holderman. “Não podia imaginar que um cara fosse capaz de entender tanto as mulheres mais velhas e suas questões”, disse a atriz ao Estado em Los Angeles. A veterana de 80 anos sabe mais do que ninguém como é raro encontrar uma história estrelada por quatro mulheres, ainda mais quatro mulheres com mais de 60 anos, com vidas ativas, profissionalmente, romanticamente e sexualmente.

E que elenco tem Do Jeito Que Elas Querem. Fonda interpreta Vivian, dona de um hotel de luxo em Los Angeles. Ela participa de um clube do livro com suas três grandes amigas: Diane (Diane Keaton, 72), Sharon (Candice Bergen, 72) e Carol (Mary Steenburgen, 65). “Na nossa idade, costumamos interpretar a tia maluca ou a sogra chata”, disse Steenburgen. “Ter quatro personagens com histórias interessantes é raro. Então foi interessante participar do projeto como mulher, como atriz e como alguém que admirou essas três outras atrizes especificamente a minha vida toda.”

O livro que as quatro leem é Cinquenta Tons de Cinza, de E.L. James. “Eu li quando saiu”, contou Jane Fonda. “Queria saber do que todos estavam falando! Não queria ficar para trás. Fico feliz que tenha sido escrito, porque acredito que excitou, estimulou e despertou muitas mulheres neste país.” É meio o que acontece com as quatro personagens.

Vivian é uma mulher independente, com medo de intimidade e que rejeita relacionamentos – até o reaparecimento de um amor do passado, Arthur (Don Johnson, curiosamente pai da protagonista dos filmes da série Cinquenta Tons, Dakota Johnson). Sharon é uma juíza que está fora da arena amorosa há muito tempo, até resolver tentar um aplicativo de encontros. Carol, casada há anos com Bruce (Craig T. Nelson), enfrenta um momento frio no relacionamento. E Diane, que ficou viúva há pouco, é pressionada pelas duas filhas adultas a ir morar perto delas, mas fica ainda mais dividida ao conhecer Mitchell (Andy Garcia). “É bacana que estejam focando em pessoas mais velhas e vendo que a vida não termina, ela se aprofunda. Você se ajusta”, disse Bergen. Ou, como diz Vivian, ninguém quer morrer antes de estar morto.

Mary Steenburgen acha que o filme toca no preconceito de que se fala menos no seu país: o de idade. “É importante ver mulheres que ainda estão à procura, ainda têm suas dificuldades, que pensam em relacionamentos e em sexo. E, principalmente, pensam em amizade e em seu valor. Porque não existe a gente simplesmente saber de tudo e ter tudo resolvido.” A atriz entende o apelo de ver jovens na tela, mas acredita haver espaço para filmes sobre gente mais velha. “Sexo entre pessoas de certa idade parece algo nojento, o que é triste. Seria como ter um prazo de validade na sua humanidade. Claro que é fantástico ver jovens num filme. Mas há histórias a ser contadas sobre todos na nossa cultura, de todas as idades.”

A esperança é que movimentos como #MeToo e Time’s Up comecem a provocar mudanças. “Fico feliz de ainda estar viva para ver esse momento”, disse Fonda. “Porque não acho que é algo passageiro. Acredito que vá fazer diferença – e nós temos de nos certificar de que faça.” Uma das principais conquistas desses movimentos é unir as mulheres – não só as atrizes e pessoas da indústria cinematográfica, mas faxineiras, operárias, professoras. O filme acerta justamente ao evitar os clichês da divisão e competição entre elas, já que a constante na vida das quatro personagens é sua amizade. “Fiquei feliz de estar num filme em que quatro mulheres maduras são amigas próximas”, afirmou Jane Fonda. Ela acha que as amigas que fez durante as filmagens vão ser para sempre.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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