Tribuna Ribeirão
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Fumaça branca 

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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No dia 8 de maio ultimo, uma multidão de 45 mil pessoas se encontrava na praça de São Pedro, no Vaticano, olhando atentamente para a pequena chaminé colocada no telhado da Capela Sistina, à espera da fumaça branca que anunciaria  a eleição de um novo Papa.

O uso deste método para publicar o resultado de um Conclave é recente. A Igreja é milenar e durante sua vida usou de várias maneiras  para indicar a eleição de seu novo chefe.

Foi em 1274, no Segundo Concílio de Lyon, que o Papa Gregório X( um leigo elevado ao papado ), eleito numa reunião que durou três anos, usou pela vez primeira o nome conclave, indicativo da reunião dos cardeais para eleição do Papa. Colocando-os trancados em um só local, cum claves, com chaves, em latim, seria uma maneira de evitar reuniões abertas, de longa duração, como as que já tinham existido antes.

A exigência do segredo absoluto sobre o  que ocorre dentro do conclave levou a práticas de eliminação dos seus escritos e votos, daí nascendo a queima desses documentos, que produzia fumaça. Fumaça expelida significava que a votação havia sido inconclusiva. Nada de fumaça era indicação de que o novo chefe existia.

Em 1914, para a eleição de Bento VX, mudou-se o conceito e adotou-se a  fumaça preta para votação inconclusiva e fumaça branca para indicar a escolha de um novo Papa.

A cor da fumaça causou vários problemas, pois não havia uma maneira de produzi-la de forma efetiva. Vários rebates falsos comprometiam o método. Foi somente em 2005 que o Vaticano adotou o uso de produtos químicos confiáveis para “pintá-la” de preto ou branco.

Assessorado por produtores de fogos de artifício, o Vaticano usa perclorato de potássio, antraceno e enxofre para produzir a fumaça preta e clorato de potássio, açúcar de leite e breu de pinho para a branca.

“È bianca, è bianca”, gritava a multidão em uníssono, quando às 18:07, hora de Roma, surgiu a mancha branca na chaminé da Capela Sistina. O grito, seguido das manifestações de entusiasmo, mesclava-se com a mesma expressão em várias línguas que se ouviam na praça de São Pedro. Os 45 mil logo se transformaram em 150 mil, espalhados pela praça e pela Via dela Conciliazione, que une o menor estado da Terra à Itália.

Todos olhavam a sacada principal da basílica, até que, pouco mais  de uma hora depois da fumaça branca, o Cardeal Dominique Manberti assomou-a e, em voz clara, amplificada pelos altos falantes da praça, anunciou : “Anuncio vobis gaudium magnum: habemus Papam (Com enorme alegria, anuncio-vos: temos Papa ).

A multidão explodiu em júbilo. Bandeiras de vários países tremulavam no mar de pessoas, olhos marejados esperavam o nome do novo Sumo Pontífice.

Uma grande toalha ricamente bordada é estendida na sacada. Surge uma cruz, carregada por um padre. E atrás, vem o Cardeal Robert Prevost, nascido nos Estados Unidos da América e naturalizado peruano, depois de longos 20 anos de catequese naquele país, agora Bispo de Roma e Papa Leão XIV para se apresentar a seu rebanho e dar a bênção Urbi et Orbe aos seu 1,6 bilhão de fieis.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e secretário-geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

 

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