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Morre Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos do mundo, aos 81 anos

Seu trabalho denunciou as mazelas da sociedade em mais de 40 países e chamou a atenção para a importância da justiça social e da preservação do meio ambiente (Reprodução)

Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia mundial, morreu na França, aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, fundado pelo fotógrafo e sua esposa, Lélia Wanick.

Reconhecido internacionalmente por seu trabalho, Salgado ficou marcado pelo registro de seres humanos vivendo em condições sub-humanas. Seu trabalho denunciou as mazelas da sociedade em mais de 40 países e chamou a atenção para a importância da justiça social e da preservação do meio ambiente.

Ele nasceu em Aimorés, no interior de Minas Gerais, e formou-se em Economia antes de migrar para a fotografia. Mestre em economia pela Universidade de São Paulo (1968) e doutor pela Universidade de Paris (1971), ele trabalhava na Organização Internacional do Café, em Londres, quando iniciou o desejo de fotografar. O trabalho exigia muitas viagens à África e Salgado gostava de documentar o que via.

Em 1974, fez seu primeiro trabalho como fotógrafo freelancer para a agência Sygma. Rapidamente se destacou, sendo contratado por outra agência, a Gamma. No final de 1979, Salgado passou a integrar a Magnum, cooperativa que revolucionou a fotografia documental no século 20, fundada por nomes como Henri Cartier-Bresson e Robert Capa.

Na década de 1980, o fotógrafo já havia se estabelecido o suficiente para financiar projetos pessoais. No livro Outras Américas, de 1986, ele registrou povos indígena de toda a América Latina. Já com a série Trabalhadores, de 1997, documentou o trabalho manual e penoso de indivíduos ao redor do mundo, de minas de enxofre na Indonésia à pesca de atum na Sicília.

Durante a produção da série, Salgado realizou um dos trabalhos pelo qual é mais lembrado: o registro de garimpeiros na Serra Pelada, no Pará, que revela as condições desumanas em que a extração do ouro ocorria. Uma das imagens da série, a obra Mina de Ouro de Serra Pelada, Estado do Pará, Brasil, foi eleita pelo jornal New York Times como uma das 25 imagens que definem a modernidade.

O fotógrafo também se dedicou a registrar a vida de migrantes, desabrigados e refugiados nos livros Exôdos e Retratos de Crianças do Êxodo. Para o projeto, ele viajou durante seis anos por mais de 40 países. “Este livro [Êxodos] conta a história da humanidade em trânsito. É uma história perturbadora, pois poucas pessoas abandonam a terra natal por vontade própria”, escreveu ele na introdução da obra.

Em 1994, Salgado fundou a agência Amazonas Images, dedicada ao seu trabalho. A maior floresta brasileira também foi tema de seus trabalhos. O fotógrafo passou seis anos viajando pela região e documentando seus povos, rios, montanhas e animais. As imagens estão reunidas em um livro e foram apresentadas em uma exposição que passou por cidades como Paris, Rio de Janeiro e São Paulo em 2022.

O mineiro foi reconhecido com alguns dos principais prêmios da fotografia mundial, como o Eugene Smith de Fotografia Humanitária, dois Prêmios ICP Infinity de Jornalismo, o Prêmio Erna e Victor Hasselblad e o prêmio de melhor livro de fotografia do ano do Festival Internacional de Arles por Workers, por Trabalhadores.

Ele morava em Paris com a mulher, Lélia Wanick Salgado, e deixa dois filhos, Juliano, que nasceu em 1974, e Rodrigo, de 1979. Juliano é cineasta e lançou em 2015, ao lado do diretor Wim Wenders, o documentário O Sal da Terra, que conta a trajetória de seu pai. O longa foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário e recebeu o prêmio César, principal premiação do cinema francês.

ONG Clube da Fotografia de Ribeirão Preto emite nota de pesar:

“Com extrema tristeza e desalento, como todos que amam fotografia, recebo a notícia do falecimento do genial Sebastião Salgado. Falar sobre sua obra é desnecessário. Prefiro comentar o cidadão. O homem simples criado na “roça”, único filho homem de uma família cercada de mulheres, desde cedo entendeu o valor do trabalho e da força do labor de ambos os sexos. Estudou muito e se titulou Doutor em Economia. Homem simples optou por lutar pela causa operária. Ingressou no partido comunista e na década de 70 obrigou-se a fugir de um Brasil perigoso e triste, tomado pela ditatura. Se tornou fotógrafo por ímpeto ou instinto e como homem simples continuou lutando pela dignidade humana através de suas fotos. Certa vez numa entrevista, Bruna Lombardi perguntou a a ele como ele via beleza no semblante de pessoas sofridas e carentes. Ele respondeu, Bruna não existe beleza na dor, na tragédia, existe beleza na essência do ser humano. Minhas fotos não são belas, procuram ser realistas” (Elza Rossato).

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