Tribuna Ribeirão
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Produtividade 

Rui Flávio Chúfalo Guião * 
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É muito triste constatar que um trabalhador médio brasileiro leva uma hora  para fazer o que um trabalhador médio americano faz em quinze minutos. E mais, perdemos não só para os americanos, como para os demais países latino-americanos. 
 
Ou seja, temos uma das menores taxas de produtividade do mundo. 
 
Produtividade significa fazer a tarefa bem feita no menor tempo possível, sem  
excessos. E o que nos impede de isto fazer? 
 
São várias as causas de nossa baixa produtividade. 
 
A primeira e talvez a mais importante é a má qualidade de nossa educação, que não prepara os nossos jovens para ao desafios da vida. Basta ver o nosso desempenho em provas internacionais, que constatam a triste verdade de que nossos estudantes são analfabetos funcionais. Depois de quatro anos na escola não sabem interpretar o que leem, não conseguem fazer  operações básicas de matemática. 
 
Recente artigo da Folha indica que, se o Brasil conseguir reverter este quadro educacional, poderá acrescer US$ 27 trilhões ao PIB brasileiro, até o final do século, ou seja, oito vezes mais do que o nosso PIB atual. 
 
Um exemplo de ganho de produtividade é a Coreia do Sul: nos anos 1970, o Brasil era um país que valia três Coreias do Sul. Hoje, a situação é inversa: uma Coreia do Sul vale três Brasis. Naqueles anos, eram necessários sete trabalhadores coreanos para executar a tarefa de um americano. Hoje, bastam dois. Um forte investimento na qualidade da educação foi a causa principal do sucesso coreano. 
 
Com a educação, que é fundamental,   podemos administrar com eficácia o nosso tempo, outro grande componente da produtividade. Saber dividir nossas tarefas entre urgente, importante e circunstancial é condição de sucesso para nossas atividades, sejam elas industriais ou não. 
 
Com o desenvolvimento intelectual que o estudo proporciona, teremos maiores facilidades em compreender e fixar nossos objetivos e estabelecer uma trajetória correta para alcançá-los. 
 
O governo brasileiro tem contribuído para nosso pequeno crescimento da produtividade, ao não estabelecer, de maneira clara, uma política industrial de longo prazo, de desenvolvimento tecnológico, abertura do nosso mercado, que é muito fechado, fixando as bases para um país moderno. 
 
A nossa burocracia é outro entrave para aumentar nossa produtividade, ao estabelecer normas que dificultam bastante nossa vida. Há muito se vem batendo para uma racionalização de nossos controles e a abolição do mantra estatal de que é preciso controlar tudo. 
 
Felizmente, nosso agronegócio cresceu nos últimos anos, dando-nos uma lição do que pode ser feito sem a interferência do Estado. E aumentando sempre sua produtividade. 
 
Em 1990, o produtor de soja colhia, em média, 1.740 quilos por hectare. Hoje, colhe 3.515 quilos nos mesmos hectares. No mesmo ano, colhiam-se 3.219 quilos de milho por hectare, hoje colhemos 5.900 quilos pelos mesmos hectares. Ou seja, conseguimos, através de treinamento, plantas mais desenvolvidas, maquinaria moderna, tecnologia de ponta fazer mais no mesmo local e tempo. 
 
O setor de serviços, cuja participação é crescente na geração da riqueza do país tem demonstrado crescimento da produtividade em nível marginal entre 1990 e 2024. 
 
Como o Brasil não tem mais o bônus  do crescimento populacional, resta-nos aumentar a produtividade, única forma de aumentar a riqueza de todos e diminuir nossa escandalosa concentração desta riqueza. Continua o exemplo da Coreia do Sul: no ano após o fim da Guerra da Coreia, sua renda per capita era de US$ 158,00. Hoje, é de US$ 31,489.00. A do Brasil era de US$ 2,603.00, hoje é de US$ 10,294.00. 
 
* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e secretário-geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

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