Tribuna Ribeirão
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Que tal uma tatuagem inteligente? 

Conceição Lima * 
 
A recomendação não é propriamente minha… O garoto-propaganda é nada menos que o fabuloso BILL GATTES, o filantropo cofundador da Microsofte um profeta futurista de mão cheia: há quase meio século que Gates não apenas revolucionou a informática com o Windows, como também se tornou um visionário capaz de antever tendências tecnológicas anos antes de se concretizarem. Seus palpites sobre educação digital, automação e Inteligência Artificial são verdadeiras “barbadas”. Bingo na certa! Agora ele ficou fã de uma invenção que busca integrar a tecnologia ao corpo humano de um jeito inusitado e criativo: as tatuagens eletrônicas desenvolvidas pela empresa ChaoticMoon. 
 
Mas, é claro, elas não foram criadas como mero enfeite da pele, brincadeira de chiclete.  Combinando sensores ultrassensíveis e uma tinta especial carregada de nanotecnologia, elas trazem em seu bojo uma proposta ambiciosa: transformar a pele em uma tela interativa, capaz de executar funções que hoje dependem de celulares, relógios inteligentes ou tablets. E vejam ! Podem até dispensar totalmente o uso de celulares no futuro. Também não se destinam exclusivamente ao bate-papo inconsequente ou a meras mensagens em redes digitais. Além da comunicação, os nanossensores ali existentes destinam-se a coletar e transmitir dados, com aplicações potenciais em saúde e rastreamento por GPS, dentre outras. 
 
Não, não se preocupe! Elas não são doloridas, nem definitivas, que não são feitas da forma tradicional, com aquelas terríveis agulhas. Os sensores, mais finos que um fio de cabelo, são aplicados como um adesivo temporário ou semipermanente, dependendo da necessidade do usuário. Portanto, nada de invasivos chips subcutâneos. Adesivadas que são, podem ser usadas em qualquer pessoa, até mesmo crianças e idosos. Inclusive, dá até para brincar com elas, tornando-as uma opção estética para quem quer um novo visual psicodélico para o corpo, com imagens, desenhos e cores sugestivas.  
 
Trocando em miúdos, eles conseguem monitorar nossos sinais vitais 24 horas por dia. Temperatura corporal, batimentos cardíacos, níveis de hidratação e até indicativos de infecção podem ser rastreados em tempo real. Se algo sair do normal, o próprio sistema envia alertas para o usuário ou diretamente para um médico. Bill Gates sonha até em usá-los para uma infraudável carteira de vacinação! De qualquer forma, o foco dessas tatuagens é a área da saúde, ou seja, prevenir e controlar doenças, ou até mesmo aumentar o rendimento físico e desportivo do ser humano de forma segura. 
 
Mas as funcionalidades não param por aí. Imagine guardar senhas, dados bancários ou documentos de identidade na própria pele, sem risco de esquecê-los ou perdê-los. As tatuagens eletrônicas também podem servir como chaves digitais para acessar ambientes restritos ou autenticar transações financeiras, substituindo cartões e biometria. E, claro, a comunicação seria reinventada: em vez de digitados em uma tela, os comandos poderiam ser ativados por gestos ou toques na região tatuada. 
 
Outro diferencial é a praticidade. Sem telas para carregar ou dispositivos para perder, a interação com a tecnologia se tornaria mais intuitiva. Conferir a previsão do tempo, ler notícias ou controlar dispositivos da casa inteligente poderiam ser feitos com um simples toque no braço ou no pulso, onde os dados seriam projetados em forma de holograma ou exibidos em uma superfície próxima. 
 
Todavia, o melhor ainda está por ser revelado: tudo isso sem baterias ou cabos. Como fazê-lo? A magia está na nanotecnologia embutida na tinta. Essas partículas são energeticamente eficientes, colhendo energia do movimento do corpo ou até da luz ambiente para funcionarem. Além disso, a nossa pele ajuda bastante, visto que o corpo, como sabemos, é uma grande usina de energia! Parece mesmo coisa saída de filmes de ficção científica! 
 
Desafios existem, sem sombra de dúvidas! Entretanto, várias empresas já vêm trabalhando para resolvê-los, tais como a durabilidade da tinta e a segurança dos dados — afinal, ter informações sensíveis na pele exigiria criptografia à prova de hackers. Se o plano der certo, em alguns anos, carregar um celular no bolso pode parecer tão antiquado quanto usar um radinho de pilha. Mesmo porque as tatuagens eletrônicas podem, no futuro, se dar ao luxo também a fazer ligações, enviar mensagens ou realizar buscas na Internet. 
 
De qualquer forma, a mudança não seria apenas tecnológica, mas cultural: o corpo humano se tornaria a próxima fronteira da inovação, eliminando barreiras entre o físico e o digital. E, como já aconteceu com outras previsões de Gates, é melhor ficar de olho — o futuro pode estar mais próximo do que imaginamos. 
 
Resta saber se você teria coragem de trocar o seu celular por uma tatuagem inteligente… 
 
* Doutora em Letras, com pós-doutorado em Linguística, escritora, conferencista e palestrante, membro eleito da Academia Ribeirãopretana de Letras e da Academia membro fundador da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras 
 
 

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