Tribuna Ribeirão
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Um projeto Cultural para o Centro e nove de julho! 

(A Gente não quer só comida – Titãs)

André Lucirton Costa *

O termoEconomia Criativa aparece pela primeira vez no livroThe CreativeEconom (2001), de John Howkins, tem no entretenimento seu principal pilar de sustentação. São atividades que têm origem na criatividade, nas artes e na cultura — como bares, restaurantes e gastronomia, artesanato, cinema, artes visuais, teatro, dança, circo, manifestações populares, folclore, contação de histórias, moda, design, games, tecnologias digitais e inovação.

O entretenimento e a economia criativa mostraram-se instrumentos importantes para revitalizar regiões degradadas de grandes cidades, impulsionando o movimento financeiro e trazendo desenvolvimento socioeconômico. Exemplos mundiais incluem a Broadway (Nova York) e a indústria do K-pop (Coreia do Sul), esta última movimentando US$ 10 bilhões em 2022. No Brasil, destacam-se a Lapa no Rio de Janeiro, o Beco do Batman em São Paulo e o rentável Carnaval brasileiro.

Ribeirão Preto e região possuem o exemplo do João Rock, Forró da Lua Cheia, o Chorinho no relógio e na praça 7 de setembro (com feira de arte e artesanato tradicional e boa), os movimentos culturais da UGT, o skate e os grafites do Parque Maurílio Biagi, o Vila Dionísio, o Polo Cervejeiro, o cineclube, a orquestra sinfônica, as escolas de teatro, circo, música, artes plásticas, shows sertanejos, feiras de negócios e programações culturais em shoppings centers repletos de artistas, cinema e gastronomia.

Eventos, feiras, casas de shows, exposições, lojas de artesanato, o Sesc e o Senai, a Biblioteca Sinhá Junqueira, o reconhecido nacionalmente Theatro Pedro II;o Palace, o Teatro de Arena e Municipal (palco do históricoShows de Blues), o Armazém da Baixada, o Quarteirão Paulista, o MARP, a Casa da Memória Italiana, as festas juninas por toda cidade e oCineclube Cauim, a Fábrica onde se produzia a cerveja Niger, as chaminés da Cerâmica São Luiz, o picadeiro da Central do Circo no Campos Elíseos— dentre outros exemplos do potencial do entretenimento e da cultura em transformar espaços,gerar renda, promover inclusão e desenvolvimento social e cultural. Transformam vidas e educam para a civilidade e a tolerância.

As atividades da economia criativa agregam pessoas, inspiram inovações de alto valor agregado e funcionam como catalisadoras de renda, emprego e movimento comercial. Elas impulsionam pequenos negócios e fazem o dinheiro circular rapidamente por toda a cadeia produtiva — desde espetáculos até culinária, bares, bebidas artesanais e o comércio itinerante.

Quando a cultura e o entretenimento são impulsionados por incentivos em regiões desvalorizadas — onde há queda no fluxo de pessoas e fuga de investimentos —, essas atividades podem reverter tendências negativas, atrair turistas, aumentar a circulação em horários ociosos, valorizar estabelecimentos locais e até impulsionar o mercado imobiliário, com um bom lugar para morar, central e com toda infraestrutura urbana. Com o crescimento do público, surge a necessidade de novos investimentos em infraestrutura (segurança, iluminação, transporte etc.). 

Há pelo menos três décadas discute-se a revitalização do centro de Ribeirão Preto, sem resultados concretos que revertam o declínio no movimento, nas vendas e no fechamento de negócios. Um projeto regional focado na economia criativa poderia ser o motor dessa transformação. Empresas e startups poderiam investir em projetos criativos em troca de incentivos fiscais ou visibilidade. Editais públicos e privados poderiam financiar iniciativas culturais em espaços subutilizados, mas com estrutura pronta para recebê-las. Trata-se de ressignificar espaços, tornando-os, com políticas adequada, vibrantes e atrativos.

Agora, é essencial que agentes públicos, associações e a iniciativa privada se articulem para fazer sua parte, as bases estruturantes estão colocadas. Gerações futuras de ribeirão-pretanos agradecerão por um Centro, Nove de Julho e adjacências, efervescentes cultural e economicamente.A boa notícia é a incorporação da área da Sociedade Recreativa de Esportes— um local que socializou gerações de ribeirão-pretanos, um marco esportivo social e cultural da cidade – pelo Sesc. A nova direção do espaço, vinculada a um dos mais importantes operadores culturais do país, preservará o patrimônio histórico e potencializará suas atividades com a ampliação do novo espaço, como já faz em outras cidades, com resultados notáveis para cultura, entretenimento e para a economia do entorno.

* Professor e ex-diretor da FEARP/USP  

 

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