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Dólar recua ante real com falta de detalhes sobre plano tributário de Trump

Por Silvana Rocha

O dólar se firmou em queda ante o real durante a tarde em meio à arrefecida dos preços da moeda norte-americana em relação a divisas principais e emergentes no exterior. A oferta global cresceu com o desconforto dos investidores pela falta de detalhes sobre o plano de reforma tributária nos Estados Unidos apresentado na quarta=feira, 27, pelo governo de Donald Trump, segundo operadores de câmbio. Investidores locais aproveitaram o ambiente nesta quinta-feira, 28, para realizar parte dos ganhos acumulados nas últimas três sessões, em 2,08%.

A reforma tributária apresentada na quarta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, propõe um plano para reduzir os impostos sobre ganhos no exterior das empresas americanas, levando-as a pagar uma taxa única sobre o dinheiro trazido aos EUA. A legislação atual permite que as empresas adiem os impostos sobre os ganhos no exterior até serem trazidos de volta para os EUA quando eles seriam tributados como de costume, fazendo com que as empresas ganhem dinheiro no exterior sem gerar benefício aos EUA.

Hoje à tarde, o diretor do Conselho Econômico Nacional dos Estados Unidos, Gary Cohn, que é um dos autores do projeto ao lado de líderes republicanos no Congresso e do secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse acreditar que “o plano tributário possa gerar crescimento de 1% no Produto Interno Bruto (PIB). Isso geraria US$ 3 trilhões”.

Questionado sobre o cronograma que a Casa Branca espera para a passagem da reforma tributária no Congresso, Cohn disse esperar que o projeto seja aprovado em outubro na Câmara dos Representantes e, em novembro, no Senado.

No mercado local, depois de atingir os R$ 3,20 pela manhã, houve um movimento gradual de vendas que se aprofundou no começo da tarde, quando foram registradas as mínimas intraday no patamar de R$ 3,170.

“Tivemos um desmonte de posições pela manhã, quanto o dólar chegou perto da casa dos R$ 3,20, e depois o mercado acompanhou basicamente o movimento externo de sua congênere, que perde para a maioria das divisas emergentes e ligadas as commodities”, disse Jefferson Rugik, diretor da corretora Correparti.

Segundo Rugik, os vendidos na Ptax (investidores que apostaram na queda neste fim de mês) têm uma pequena participação no ajuste de baixa. “Uma influência mais forte desses investidores poderá ocorrer amanhã (sexta-feira)”, prevê. Nesta sexta-feira será definida a última Ptax de setembro, que servirá de base na segunda-feira para a liquidação do contrato futuro de dólar de outubro e os ajustes de contratos cambiais e swap cambial com vencimentos em meses subsequentes.

O operador de câmbio do Banco Paulista, Alberto Felix de Oliveira Neto, concorda que a queda acompanha o exterior. Acrescentou que os dados de déficit primário do governo brasileiro corroboraram um viés de baixa, no bojo dos bem-sucedidos leilões de hidrelétricas e os sinais de crescimento gradual da economia. “O País mostra um caminho de melhora econômica em geral”, afirma.

O Tesouro informou que o governo central registrou um déficit primário de R$ 9,599 bilhões em agosto, melhor desempenho que o registrado no mesmo mês do ano passado, quando o saldo negativo foi de R$ 20,302 bilhões. O resultado, que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, também foi menor que o déficit de R$ 20,152 bilhões de julho deste ano. O resultado de agosto foi melhor do que apontava a mediana das expectativas do mercado financeiro, de déficit de R$ 15,600 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast junto a 27 instituições financeiras. O dado do mês passado, no entanto, ficou dentro do intervalo das estimativas, que foram de déficit de R$ 20,270 bilhões a R$ 7,000 bilhões.

No mercado à vista, o dólar encerrou aos R$ 3,1834, com queda de 0,27%. O dólar futuro de outubro terminou em baixa de 0,33%, aos R$ 3,1830.

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