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Secretaria não renovará locação de ambulâncias

ALINE PEREIRA/CÂMARA

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar a dispensa de licita­ção na locação de ambulân­cias pela Secretaria Municipal de Saúde, no valor de R$ 1,1 milhão de reais, ouviu nesta segunda-feira, 17 de agosto, o secretário municipal da Saúde, Sandro Scarpelini. Entre vários questionamentos, o titular da pasta afirmou que o contrato com a SOS Assistência Médi­ca Familiar, assinado em abril, não será renovado.

O contrato vale por quatro meses e terminou na primeira quinzena de agosto. O argumen­to é de que o transporte realiza­do pelas ambulâncias em apoio ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) teve queda na demanda de pacientes. De acordo com o secretário, em abril – durante 15 dias – foram transportados 491 pacientes. Em maio subiu para 926, em junho caiu para 863, em julho ficou em 843 e, em agosto, es­tava em apenas 32.

Durante a oitiva, conduzi­da pelo presidente da CPI, Or­lando Pesoti (PDT), Scarpelini negou que tenha havido fraude no contrato, realizado por meio de dispensa de licitação. A mo­dalidade está prevista na Lei das Licitações (nº 8.666/1993) diante de estado de calamidade pública, que foi decretado pelo prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) em março por causa da pandemia do novo coronavírus.

Convocado para falar à CPI na Câmara, Scarpelini negou que tenha sido sócio da em­presa SOS Assistência Médica Familiar, vencedora da disputa, conforme suspeita levantada pela investigação. O secretário confirmou, porém, que na déca­da de 2000, a ex-mulher dele foi sócia do dono da SOS, Aníbal Carneiro, em uma empresa com outra razão social e que a parce­ria durou seis meses.

O secretário também cri­ticou declarações da secretária municipal de Administração, Marine Oliveira Vasconcelos. Em junho, ela afirmou à co­missão que há indícios de dire­cionamento. Na época, Marine disse que empresas participantes da disputa tiveram acesso aos valores propostos pelas concor­rentes, o que é ilegal.

Segundo Scarpelini, o que funcionários da Secretaria de Saúde fizeram foi cotar preços para a prestação do serviço com intuito de discutir uma média orçamentária e o impacto nos cofres públicos. A estimativa, segundo o secretário, é diferente da apresentação da proposta co­mercial, que é sigilosa.

“Essa fase é de instrução de um processo para fazer uma estimativa de preço, para saber se tem dinheiro, econo­mia. Quanto mais orçamentos, mais vai baixar a média que vai nortear o valor de licitação. Ela [secretária] se equivocou ou desconhece o trabalho dela”, disse. Marine Vasconcelos in­formou à CPI que o processo de compra só passou pela Ad­ministração após ser enviado pela Saúde para um check list.

A respeito do depoimento dado anteriormente por sua assistente na Secretaria da Saú­de, Jane Aparecida Cristina, quando ela admitiu ter repas­sado a Anibal Carneiro os va­lores apresentados pelas con­correntes, o secretário vê como uma situação normal, sem ne­nhuma ilegalidade. Scarpelini também confrontou o depoi­mento do empresário da SOS.

O secretário disse que as am­bulâncias não foram contratadas para transportar pacientes com covid-19, e sim para dar suporte a outros tipos de atendimentos, visto que o Samu desempenha muito bem e está preparado para esta função. Anibal Carneiro disse, em depoimento anterior, que 99% dos atendimentos da SOS foram para vítimas do co­ronavírus. Quando questionado a respeito, o secretário se limitou a responder que o proprietário não é médico e não tem conhe­cimento técnico, e talvez não sai­ba a diferença dos atendimentos.

O caso também está sen­do investigado pelo Ministé­rio Público Federal. Em 11 de maio, a Polícia Federal realizou busca e apreensão de docu­mentos nas secretarias muni­cipais de Administração e da Saúde e na empresa vencedora da licitação. As investigações tiveram início depois de de­núncias de que haveria super­faturamento na locação.

Um empresário do setor também denunciou o direcio­namento na contratação, pois segundo ele, o prefeito seria ami­go do sócio da empresa. A CPI tem 120 dias para apresentar relatório, mas o prazo pode ser prorrogado pelo mesmo perío­do. Agora a comissão irá traçar os novos rumos da fase final da CPI das Ambulâncias e novas diligências em diversos locais ci­tados nos depoimentos.

“Nosso trabalho é fiscalizar e entender o motivo deste con­trato que pra mim ainda não mostra a necessidade, tanto que o contrato não foi renova­do”, conclui Orlando Pesoti. A CPI também é composta pelos vereadores Renato Zucolo­to (PP, relator), Jean Corauci (PSB), Paulo Modas (PSL), Alessandro Maraca (MDB) e Marinho Sampaio (MDB).

Dezoito pessoas já foram in­terrogadas em dez audiências. Desde que começaram as de­núncias de possíveis irregulari­dades, a Secretaria Municipal da Saúde tem afirmado que todo processo seguiu as orientações do Tribunal de Contas do Esta­do (TCESP) e do Ministério Pú­blico Estadual (MPE).

Afirma que o contrato de prestação de serviços das am­bulâncias privadas foi realiza­do com a finalidade exclusiva para atendimentos de remo­ção e transporte de pacien­tes entre unidades de saúde e hospitais, assim como altas hospitalares e residências e os chamados não urgentes.

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